~> Ele Era Apenas Uma Criança

Ele ainda era apenas uma criança, que da varanda de sua casa observava seus amigos jogarem bola na rua, que debaixo de seu cobertor escutava os gritos de seus pais brigando e os passos sorrateiros de sua irmã caminhando pela casa de madrugada. Ele era uma criança que tinha tudo que milhares de crianças do mundo inteiro gostariam de ter: Brinquedos, roupas de marca... Literalmente tudo que ele desejava seus pais pontualmente o compravam [...]

Já haviam se passado quarenta minutos e nada de sua mãe lhe buscar. As crianças do 2º turno de sua escolinha já começavam a chegar, o seu dedo já estava começando a ficar dormente das inúmeras vezes que havia ligado para sua mãe, para o seu pai, para sua irmã... Nada! Resolveu caminhar até sua casa. - Eles devem estar ocupados em alguma reunião da empresa - Pensou.

No caminho passou por um grupo de crianças de sua idade que jogavam futebol, eles pareciam se divertir, o fez lembrar do único momento em que seu pai pegou numa bola para brincar com ele. Ele tinha cerca de cinco anos nessa época, mas mesmo assim ainda lembrava-se como se fosse hoje da imagem de seu pai agachado jogando a bola em seus pés. Com cinco anos, sem ao menos saber o que era futebol, o que ele queria que ele fizesse? Pelo jeito ele queria que o moleque saísse o driblando, pois nunca mais pegou numa bola pra brincar com seu filho alegando que ele não gostava de futebol apenas porque o garoto não sabia o que fazer com a bola. Lamentável...

Continuou caminhando até sua casa, ainda não havia passado da metade do caminho, mas já estava cansado. Ele jamais conseguiria imaginar do conversível de seu pai que o caminho até seu lar poderia ser tão cansativo, aliás, ele não sabia, mas existiam muitas coisas que ele nem imaginava que existiam.

Lembrou-se da última semana na escola, do dia em que se tornou chacota. Ele definitivamente não sabia lidar com as garotas, não conseguia ter amigos, pois simplesmente não tinha assunto com eles. Ele crescera dentro de casa, trancado, ouvindo sua mãe conversando com a vizinha sobre as novas receitas do programa da "Ana Maria Braga", ou vendo sua irmã brincar de boneca com alguma prima, quando não brincava sozinha. Em nenhum momento de sua vida lembrava-se de algo agradável que fizera com seu pai.

Todo mundo, por mais machão que seja precisa de uma figura pra se espelhar, o mundo não nos ensina nada, se fosse assim seriamos como plantas, nasceríamos da terra.

Ofegante chegou em sua casa, bebeu dois litros de água, ouviu seu pai xingar sua mãe lhe dizendo que era obrigação dela ter ido buscá-lo na escola, procurou sua bombinha e se pôs a janela de seu quarto a observar os outros garotos jogando futebol novamente. São coisas que o vento leva, assim como levava suas lágrimas, mas que nem a maior das tempestades conseguiria apagar...

28 Comments:

  1. Elton D'Souza said...
    Depois de ler esse texto eu agradeço ter tido a oportunidade de brincar, jogra bola, viver uma infância normal!
    Camila Passatuto said...
    Nossa garoto, escreve bem também...

    Ah sim, pode me linkar sim ^^
    Camila Passatuto said...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    Anônimo said...
    Agradeço por minha infância, ela foi humilde mas foi perfeita...

    Você escreve bem! (:



    http://suellenpereira.blogspot.com
    Emanuel said...
    Essa é uma realidade que infelizmente ocorre em muitas casas.
    Elementos Neutros said...
    Acreditamos que isso está longe, que essa realidade é apenas dos livros, da tv...Mas infelizmente ela muito proxima..talvez ela seja a nossa realidade cotidiana...
    Queremos apenas 10 minutos com nossos super pais...os super ocupados....
    Anônimo said...
    Oi Hugo, vc passou no meu blog e perguntou sobre o endereco, meu blog é independente, eu comprei o domínio e pago hospedagem

    www.rfranco.org
    Halan said...
    Olha eu aqui de novo!

    Gosto dos seus textos, pois me identifico com a história e com a forma de escrever.

    Adorei este texto.

    "Ele definitivamente não sabia lidar com as garotas, não conseguia ter amigos, pois simplesmente não tinha assunto com eles."

    Essa parte me fez lembrar de alguns anos atrás, quando era um pouco menos social.

    Voltarei sempre

    Até o próximo post

    ^^





    http://noonsense.blogspot.com/
    Euzer Lopes said...
    Engraçado: eu convivi com "coleguinhas" que eram levados à e trazidos da escola por "motoristas". Muitos colegas, não viam os pais a semana inteira, porque quando eles iam pra escola eles ainda estavam dormindo (sim, os pais continuavam dormindo quando a babá acordava a criança às seis da manhã), e quando ele ia dormir, os pais não tinham voltado do happy hour.
    Ah, à tarde? Ele, o coleguinha, passou o dia no curso de inglês, judô, natação, porque a mãe dedicava toda a tarde a "chá" com as amigas.
    Retratos de família!
    July said...
    Seu blog é ótimo!!!

    amei a história, apesar de melancolica, espero que a personagem principal não tenha sido você, e se for, jogue bola sozinho, na rua, dentro de casa, divirta-se, sozinho, mas não deixe de tentar se divertir!

    linkando seu blog ok?

    beijoos

    http://euamonutella.blogspot.com/
    O Lerdo said...
    Valeu pela visita.

    Aí, cara, parabéns pelo texto bem escrito.

    Pena que é triste saber que esses casos não são tão incomuns quanto parecem.
    Anônimo said...
    o texto é bom! muito bom! gostei. é auto-reflexivo?
    Dih Fernandes said...
    Que coisa triste cara...
    QUe horror!
    graças a deus eu nunca parei em casa
    vivia na rua brincando!!!



    http://www.avidanobeco.com/
    Butterfly Girl said...
    Adorei seu blog!
    Muito bommm!!!

    Tive uma infancia boa...nunca precisei de luxo pra ser feliz!

    O final eh perfeito "...são coisas que o vento leva, assim como levava suas lágrimas, mas que nem a maior das tempestades conseguiria apagar..."
    Me faz lembrar minha infancia com meu avô q morreu recentemente! E deu uma saudades dele! E eh exatamente isso..o tempo passa e o vento leva...mas fica marcado na gente as lembranças!

    Bju bju!
    Jonatas Fróes said...
    Apesar da minha infância ter sido bem agitada com relação à mudanças de casa e até cidades, não tenho do que reclamar.

    Nesse ponto, meus pais sempre foram presentes. Por mais ocupados que fossem, sempre descolavam um pouquinho de tempo a mim. Sou filho único, então talvez isso tenha influenciado um pouco hahahaha

    Mas é mesmo triste a situação descrita no texto...

    Bom blog!

    []'s

    http://musica-holic.blogspot.com/
    Thaíssa Vasconcelos said...
    Contraditório o finalzinho:

    "Todo mundo, por mais machão que seja precisa de uma figura pra se espelhar, o mundo não nos ensina nada, se fosse assim seriamos como plantas, nasceríamos da terra."

    Se nós não nos espelhamos no "mundo", então quem é esse outro??? Amigo imaginário???
    iti said...
    Cara vc escreve bem e tudo, mais seu blog tem que fazer algumas mudanças..
    ñ da pra ler direito..
    ta mto escuro..
    di boa, ñ leve a mau..
    é só um critica construtiva..

    sobre o post..
    é um realidade da juventude,...
    Hugo Henrique said...
    Respondendo a crítica da Thaíssa.

    A crítica:
    "Se nós não nos espelhamos no "mundo", então quem é esse outro??? Amigo imaginário???"

    A resposta:
    Eu disse que o mundo não ensina nada, ou pelo menos nada de bom, e quando ensina, ensina de maneira torta. Quem deveria nos ensinar a viver não é nenhum amigo imaginário naum querida, deveriam ser nossos pais.
    Lê de novo que tenho certeza que você vai entender melhor. Pelo contexto (e eu achu que até fora dele) dá pra matar essa! =)

    p.s.: Obrigado pelo comentário! =)
    Gutemberg Xavier said...
    Eu, com muito orgulho, lhe concedo o Selo “Blog Massa!”, que visa dar um “agrado” aos blogs com um conteúdo legal, próprio e inteligente na blogosfera, e ainda com a aprovação de Ivete Sangalo “Isso é massa!”. Quem recebe o selo, deve criar uma lista de no mínimo 3 outros blogs para receber!
    Mais informações e o selo estão aqui http://opernambucano.blogspot.com
    Abraços e sucesso!!


    PS: bem que podia ganhar um selinho né!! kkkk...
    PCN said...
    Legal o jeito que você expõe opiniões... Fiquei até com dó, pensando no garoto do texto!
    Curti, você tem futuro!

    http://papeisriscados.blogspot.com/
    Ambrosius Vallin said...
    O que eu mais gosto dessas linhas é o clima sempre inocente que as envolve. Essa é uma característica sui generis, que não deve ser desprezada; antes, incentivada.
    Unknown said...
    Realmente bom esse texto, congratulações.
    Alguém said...
    Bom blog !!!

    Ahhh triste...
    tive uma infância bem alegre ...
    Humilde porém alegre, feliz ...

    Belo Texto !!!
    Kátia Flávia said...
    gosteii do texto parabens... bjo
    Rodrigo said...
    Muito tocante o texto ^^

    Parabens
    Anônimo said...
    Muito bom o texto ..

    faz para refletir ..

    gostei muito ..
    abç..
    Thaís A. said...
    História triste..
    Mas você escreve bem mesmo :)

    - Já te linkei '

    . beijos
    Edu França said...
    Vejo tanto adultos assim... eu cresci em favela por isso desse mal não sofro! Abraços, vc escreve bem, deveria enxugar mais o texto e aumentar a fonte!

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