~> A Tarde Negra

Uma tarde de fantasias e pensamentos controversos: era o que aquele garoto estava vivendo...

Sozinho em sua casa, acompanhado apenas por um livro, ele sentia mais do que nunca que lhe faltava algo. Sua última noite havia sido uma das mais confusas de sua vida, e como em toda confusão, ele não sabia quais seriam as proporções que aquilo lhe causaria. Ele parecia um bêbado de ressaca, se perguntando se havia feito algo de errado na noite passada...

Ele não sabia exatamente se tinha feito a coisa certa, mas se sentia melhor desde o momento em que fez aquilo.

Desde criança ele sempre foi assim, decidido a ter o que quisesse, na hora em que escolhesse, mas diferentemente das outras crianças que pediam abertamente, ele sempre usava alguma de suas ideologias mentirosas, mesmo dizendo a verdade, para conseguir o que desejava. Ele sempre foi um apaixonante manipulador de pessoas, acostumado a manipular até mesmo os garotos mais velhos que normalmente batiam e extorquiam dinheiro das criançinhas de sua idade.

Na noite passada porém, ele havia aberto mão dessas suas ideologias e usado deliberadamente a verdade e era isso o que lhe causava dúvidas. Mas era uma dúvida gostosa de ter, ele olhava tudo com otimismo após dizer a verdade, até mesmo as coisas ao seu redor fluíam de uma forma estranhamente bem. Ele viajava nas milhares de soluções que essa nova visão lhe proporcionava. Ele tinha dentro dele a certeza de que tudo iria ficar bem e que todos os problemas seriam solucionados...

Parecia mentira, mas ao olhar pela janela percebeu que aquela tarde escurecia de uma forma estarrecedora, parecia que a escuridão da noite chegava mais rápido para que em uma conversa ele percebesse que nem sempre se tem uma segunda chance para se solucionar um problema e que definitivamente estava tudo acabado.

E mais uma vez "a ciência confirmava os fatos que o coração já havia descoberto: Tudo era relativo quando fazê-la feliz, lhe fazia feliz".

E bola pra frente, a vida sempre continua, entre tropeços e quedas, momentos bons e ruins: a vida sempre continua. E, diga-se de passagem, continua mais do que se pode imaginar...

"Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
E então são mãos e braços
Beijos e
abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço, seguindo os seus passos
"

A saudade fica os momentos bons também, mas a tristeza um dia vai ter que partir...

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